segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Quando podemos fazer tanto e não nos deixam fazer nada...


Coisas incompreensíveis são o que mais há por este Portugal fora e então vindas da parte do governo central ou local é já o prato do dia em muitas cidades portuguesas. No tempo da velha senhora proibiam o povo de falar de certos assuntos abertamente, mas como hoje em dia somos livres de falar abertamente de tudo o que ouvimos e queremos, e foi no contexto de critica a atitude do estado perante as iniciativas da sociedade em prol da reabilitação de espaços que surgiu a conversa que me motivou a escrever este post.  Sem mais rodeios de prólogo, o assunto sobre o qual vou escrever hoje é a reabilitação de casas e edifícios do estado ou de outros por parte de pessoas que não tem habitação e a respectiva atribuição desses imóveis aos respectivos restauradores.
   Em Portugal, existem milhares de casas em deterioração e abandonadas, quem diz as casas diz também escolas, antigas estações de comboios, apeadeiros, casas de floresta, entre outros imóveis que pertencem ao estado, e também existem milhares de jovens, estudantes, desempregados entre muitos outros que necessitam de facilidades em obter um tecto para viver. A ideia é bem simples a criação de um banco de habitação para as pessoas que precisam de um tecto low cost, criando se uma base de dados a nível local das habitações abandonadas, inacabadas e prestes a entrar em estado de degradação. Neste âmbito as pessoas poderiam solicitar uma habitação dessas na condição de manterem as infra-estruturas, e restaurarem aquilo que entendessem de modo a criar as condições necessárias a habitação. Depois de estes inquilinos voluntários encontrarem a habitação que entendessem ser do seu agrado, teriam de assinar uma espécie de contracto com a autarquia, no qual se comprometiam a cuidar do imóvel durante um período estipulado pela a autarquia, e no final desse período, por exemplo cinco anos o inquilino ficava a pagar uma renda mínima de acordo com a sua situação financeira, caso desejasse continuar a viver nessa casa.
   O porquê deste esboço de ideia, surgiu de uma conversa acerca do que se passou em Maio de 2011  na escola da Fontinha no Porto, quando os “Ocupas” que tinham transformado a escola degradada e abandonada num espaço de cultura e aprendizagem para quem não tinha como pagar explicações ou como pagar outro tipo de aprendizagem como a musica, e no fim foram despejados do espaço pela policia sem aviso prévio. Sim é verdade que as pessoas que faziam parte do movimento Es.Col.A não estavam autorizadas pela autarquia a edificarem ali uma instituição comunitária, onde muitos professorem deram aulas e explicações de forma voluntária  mas como foi referido pelos responsáveis do movimento a tentativa de requisitar o espaço foi feita junto da Câmara Municipal do Porto, mas foi rejeitada pois a exigência de uma renda mensal foi o grande entrave. Ainda assim o movimento dava como moeda de troca este serviço a sociedade e propunha se a restaurar o edifício com fundos próprios, mas não aceitava que depois disso lhe fosse cobrada uma renda mensal como é compreensível, visto não terem chegado a uma acordo com a Câmara, apoderaram se do edifico e levaram o projecto avante. Esta vontade de transformar um edifício há muito abandonado pelo estado e que era porto de abrigo para toxicodependentes e criminosos, num espaço de estudo comunitário foi mais forte e levou os organizadores do movimento a ocupar as instalações abandonadas. A Câmara ficou ocorrente da situação mas não tomou medidas imediatas, só quando já o espaço funcionava bem e estava a ajudar jovens carenciados a obter melhores resultados escolares e a aprender novas artes como a musica, é que foi tomada a decisão de despejo. É caso para perguntar, com tantas fundações fictícias neste país que só servem para alguns enxerem os bolsos e recolherem benefícios fiscais, será moralmente justo despejar estes cidadãos, que tomaram uma iniciativa com vista a ajudar a sociedade da forma mais directa que pode haver? Eu creio que não, que a Câmara pode defender se usando o argumento de que eles ocuparam as instalações sem permissão da mesma até aceito, mas o despejo e a indiferença com que estas pessoas foram tratadas é de todo reprovável.
   Este exemplo da escola da Fontinha, pode ser um entre muitos, pode ser também visto como uma boa forma da sociedade ajudar se a si própria a combater alguns dos seus problemas, e se quem governa pensa se naqueles que os elegeram em vez de si próprios tal vez em vez de terem encerrado a escola, a tivessem antes eleito como um exemplo a seguir.  E a ideia da reabilitação de casas e edifícios do estado ou de outros por parte de pessoas que não tem habitação e a respectiva atribuição desses imóveis aos respectivos restauradores, era algo muito exequível, ainda que tivesse de ser bem estudada e debatida.

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