segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Se, depois de eu morrer...


Se, depois de eu morrer...

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas --- a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem setimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro

terça-feira, 9 de novembro de 2010

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

É isto que faz falta...

Por a felicidade a frente do dinheiro e das garantias, nem sempre é fácil ou nem sempre é a melhor opção, mas as vezes é a escolha certa e é aquilo que no fim da vida nos vai consolar. A vida é feita de escolhas, umas certas outras erradas, sabendo que a única certeza evidente é que vamos sempre ter de optar seja em que situação for.
Quando olho para o futuro, não quero ver objectivos de felicidade temporária, mas sim de felicidade continua, por isso é que baseio a minhas escolhas não nas vantagens que vou ter, mas sim no prazer e na satisfação que vou ter. Isto até pode parecer um pouco confuso, e vou dar um exemplo para ilustrar a minha ideia. Suponhamos, que me era dado a escolher entre, um emprego onde ganha se muito, trabalhando pouco, mas com algumas restrições a nível pessoal e um outro emprego onde ganha se menos, mas onde teria prazer e satisfação no final do dia, por sentir que se gosta do que se faz. No primeiro teria muito dinheiro, podia ter uma vida um pouco mais abastada, mas não podia estar com a família sempre que queria, e por sua vez levaria a que os meus filhos e a minha mulher se afastassem de mim gradualmente ao longo da vida, e que eles sentissem negativamente a minha ausência o que por sua vez se iria reflectir na relação Pai-filho e esposa-marido. A felicidade temporária, existiria sempre nesta situação, mas não é com ela que se controem laços, pois teria sempre dinheiro e daria sempre o melhor a minha família, mas do que serviria esta felicidade materialista, se no fim não iriam aprender o valor das coisas, nem que a verdadeira alegria está nos sentimentos. Ao invés se durante a vida fizer o que gosto ganhe muito ou pouco, vou chegar sempre a casa com orgulho e satisfação, e mesmo que cansado vou dar sempre a atenção nesses ária aos que amo em vez de a comprar.
Eu pessoalmente cresci numa família onde infelizmente não se fazia aquilo que se gostava, mas gostava-se do que se fazia, o que também foi muito importante para a minha formação enquanto pessoa, tenho dois irmãos e desde cedo fui ensinado a partilhar, nunca me faltou nada, e o que era realmente importante esteve sempre lá nos momentos de alegria e nos momentos mais difíceis. Aprendi desde cedo que não podia ter tudo o que via, e que mais importante que ter o mundo, era dar valor ao que podia ter, uma vez que há coisas que valem 100 mundos, pois carregam valores e sacrifícios.
A conciliação de um homem que para alem de ser materialmente rico, fosse também um homem realizado a nível sentimental e espiritual é ainda hoje uma utopia, pois basta olhar a nossa volta facilmente nos apercebemos que o dinheiro em demasia não traz felicidade, mesmo os jogadores de futebol que para alem de amarem o que fazem ganham rios de dinheiro, tem sempre problemas que não teriam se fossem pessoas mais pacatas e humildes. O ideal será ter dinheiro em quantidade suficiente a tornar se felicidade, e isso é possível, uma pessoa que ganhe um ordenado que lhe permita sustentar a família sem problemas, e que esse dinheiro seja ganho a fazer aquilo que se gosta, é um exemplo para a sociedade de no fim disto ainda conseguir retirar a dose de amor certa para cada elemento da sua família. Podemos assim estabelecer uma equação subjectiva para a felicidade que se resume ao seguinte: felicidade é igual á soma de família com a concretização a dividir pelo dinheiro, multiplicado por sorte na vida.
Cada vez mais no país em que vivemos há menos pessoas a atingir o equilíbrio proposto no paragrafo anterior, isto é culpa do estado que de uma forma ou de outra acaba sempre por interagir com os factores fundamentais da felicidade. O factor estado terá sempre muita influencia, seja em que pais for pois os governantes não conhecem a formula da felicidade para eles tudo se resume a dinheiro, e é por tudo se resumir a dinheiro que o vão subtrair do equação do povo e juntar na sua parcela somatória. Para nosso bem a nossa equação pode ser sempre corrigida de modo a que sempre que o dinheiro diminua, o amor aumente e isso é possível pois é nos momentos difíceis que se dão as maiores provas de amor, isto caso não percamos a esperança que o dia de amanhã será melhor.
E para acabar espero que a ideias de que o gosto com que se fazem as coisas, e o empenho que se põe nelas é e será sempre mais importante do que seguir um caminho menos apetecível só porque haverá maiores vantagens materiais, a virtude está nas acções e não no materialismo.


BY: André Leal